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Da Riqueza ao abandono. Breve memória da Citricultura de Taquari

Conhecida como a “Terra da Laranja”, o município de Taquari já foi referência em pesquisa, produção e tecnologia em citrus.

Longe das divisas do município, quando se fala na cidade de Taquari quase sempre vem em pauta a cultura da Laranja. Mas a referência não é em vão. Desde o pórtico de entrada até o inicio da cidade, belas laranjeiras repletas de frutas acompanhavam o caminho do visitante. Extensos pomares com plantas bem alinhadas e bem cuidadas dividiam a paisagem com os campos de gado. A Festa da Laranja atraía multidões ao pavilhão Costa e Silva, também conhecido como “Pavilhão da Laranja”. Produtores de diversos estados e também outros países visitavam a Estação Experimental em busca de aprendizado técnico para a sua produção. Mas atualmente o cenário do município é outro. Florestas de Eucalipto tomaram o lugar dos pomares e a cultura da laranja saiu dos campos para entrar na história.

Inicio e Auge da Cultura em Taquari

Em meados de 1760, os colonizadores açorianos trouxeram as primeiras sementes de Laranja da Europa e iniciaram os plantios nas margens férteis do Rio Taquari. As condições favoráveis de clima e solo da região permitiram a produção de frutas de alta qualidade que em breve despertaram o interesse do comércio. No inicio dos anos 1900, Emilio Schenk traz dos Estados Unidos as primeiras mudas da Variedade Valência e na década de 1920 já eram exportadas frutas para a Europa. Entre as décadas de 1950 e 1970 o município atinge uma área de mais de 1000 hectares de pomares em produção. Muitos pomares eram de propriedade de agrônomos e pesquisadores, que conduziam com excelente manejo. As produtividades e a rentabilidade eram altas. A cultura vive seu auge.

Pesquisa e Desenvolvimento em Taquari

Em 1929 é fundada a Estação Experimental de Pomicultura. Taquari produzia frutos de alta qualidade e também vasto material de pesquisa sobre a cultura. Pesquisadores, produtores e estudantes de todo pais e exterior buscavam a Estação Experimental em busca de conhecimento sobre a cultura. Segundo a engenheira Agrônoma e pesquisadora Elisabeth Saldanha Souza da Fepagro de Taquari, 90% de toda a tecnologia existente sobre a cultura dos citrus é fruto das pesquisas realizadas em Taquari. Atualmente, Elisabeth é responsável pelo Banco de Germoplasma de citrus da Fepagro, que possui 130 cultivares diferentes de citrus para pesquisa e melhoramento.

Cancro Cítrico e a Larva Minadora

Segundo Elisabeth Souza, o Cancro Cítrico chegou na região na década de 1980. Trata-se de uma doença causada por uma bactéria, que forma lesões nas folhas e frutos, depreciando o valor comercial. Diversas medidas de controle foram tomadas, inclusive o corte total de pomares infectados. Mas na década de 1990 com a entrada da Mosca Minadora dos citrus as coisas pioraram. A mosca causava uma lesão nas folhas, que era o que o cancro precisava para infectar a planta. Os custos para o controle das duas pragas juntas se tornaram altos e a rentabilidade da cultura despencou. Era o inicio do fim.

O declínio da Produção

Nos anos de 1990 os preços de mercado não acompanhavam os custos crescentes de produção. A idade avançada dos pomares e os problemas fitossanitários causavam uma redução de produtividade. Não se observou em Taquari o fenômeno da sucessão familiar na citricultura. Os filhos de produtores seguiram outras carreiras e os extensos pomares foram dando lugar ao eucalipto. O empresário Leodônio Francisco Schroeder foi um dos últimos produtores de Laranja em Taquari. Ele conta que chegou a possuir uma área de 60 hectares na localidade de Carapuça. Segundo Schroeder, a produção se tornou inviável economicamente devido ao alto custo para controle de pragas e mão de obra. “Tínhamos que pulverizar o pomar toda semana contra as pragas e no auge da safra 15 pessoas trabalhavam na colheita. O preço pago pela Laranja não remunerava o suficiente e tivemos que encerrar as atividades” conta Schroeder. No ano de 2008 ele arrancou os pés de laranjeiras e implantou uma floresta de Eucalipto. Atualmente Taquari conta com pouco mais de 10 hectares de Laranja a nível comercial. Porém, segundo a Agrônoma Elisabeth Saldanha, Taquari nunca deixará de ser a Terra da laranja. “Por todo conhecimento gerado em Taquari, pela adaptação da cultura no município e a história afirmam isso”, completa a pesquisadora.

A CERTAJA e a Citricultura de Taquari

Após assumir as atividades da extinta Comital, a Certaja atuou junto aos citricultores da região no fornecimento de insumos e assistência Técnica. Segundo Luis Granja, vice-presidente da Certaja Desenvolvimento e gerente na época, a primeira reunião com produtores realizada pela recém-criada Agroveterinária Certaja foi com os citricultores. Esta reunião foi realizada na antiga sede da Comital e contou com a presença de produtores tradicionais como Orlando Guterres Gonçalves, Homero Laranjeira Martins, Gênis Muxfeldt, Osvaldo Porto entre outros.

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